Deixando o Brasil: o que considerar antes de mudar para os Estados Unidos sob o olhar tributário e migratório

Mais do que um novo endereço, mudar-se para os Estados Unidos exige uma transição estratégica — que começa com o entendimento profundo de suas implicações fiscais, legais e patrimoniais.

A decisão de deixar o Brasil para iniciar uma nova vida nos Estados Unidos é, para muitos, um marco de recomeço — repleto de expectativas, conquistas e planos de longo prazo. No entanto, entre o embarque e a nova rotina americana, existe uma etapa essencial e frequentemente negligenciada: o planejamento tributário e migratório internacional.

Ignorar esses aspectos pode transformar uma mudança sonhada em um desafio jurídico e financeiro. Por isso, compreender como os sistemas fiscais e migratórios de ambos os países interagem é o primeiro passo para uma transição segura e estruturada.

O conceito de residência fiscal

O ponto de partida está na definição de residência fiscal. No Brasil, considera-se residente aquele que mantém vínculos permanentes ou permanece mais de 183 dias no país durante um período de 12 meses. Já nos Estados Unidos, o status fiscal é determinado por critérios próprios — como o Substantial Presence Test — que leva em conta o tempo de permanência no território americano nos últimos três anos.

Essas regras definem onde você deve pagar impostos, e, em muitos casos, um indivíduo pode ser considerado residente fiscal em ambos os países, o que cria uma sobreposição tributária que exige análise técnica para evitar a bitributação.

A importância do planejamento prévio

Antes da mudança definitiva, é fundamental revisar a estrutura patrimonial e societária do contribuinte. Isso inclui holdings, investimentos no Brasil, aplicações financeiras, imóveis e participações em empresas.


Sem o devido planejamento, ativos mantidos no Brasil podem gerar obrigações fiscais adicionais nos EUA, inclusive com a necessidade de reportar informações ao Internal Revenue Service (IRS).

Além disso, ao se desligar do Brasil, é necessário realizar a Declaração de Saída Definitiva do País à Receita Federal, formalizando o encerramento da residência fiscal brasileira. Essa etapa não apenas regulariza a situação tributária, como também evita futuras cobranças indevidas.

A conexão entre tributação e imigração

O processo migratório e o tributário caminham juntos. Cada tipo de visto — seja de investidor (EB-5, E-2), de trabalho (H-1B, L-1) ou de habilidades extraordinárias (EB-1, EB-2 NIW) — traz implicações fiscais distintas.


A forma como os rendimentos são recebidos, a estrutura das empresas e o tratamento dos ganhos de capital podem variar conforme o status imigratório.

Um visto mal planejado pode criar inconsistências entre as declarações fiscais e migratórias, especialmente se o indivíduo ou família estiver em processo de Green Card. Por isso, a integração entre advogados de imigração e especialistas tributários é indispensável.

Compliance e transparência internacional

Com a ampliação dos acordos internacionais de intercâmbio de informações fiscais (FATCA e CRS), a transparência é total entre os países.


Contas, investimentos e bens mantidos fora do país de residência fiscal devem ser declarados e justificados, sob risco de penalidades severas.


Nos Estados Unidos, o não cumprimento dessas obrigações pode resultar em multas elevadas e até sanções criminais, especialmente em casos de omissão intencional.

Por isso, a blindagem patrimonial deve ser feita com estruturas legais, legítimas e auditáveis, respeitando tanto o IRS quanto a Receita Federal do Brasil.

Planejar é preservar

Planejar a mudança internacional é mais do que um gesto de prudência — é uma demonstração de visão de futuro.


Com o apoio de especialistas, é possível reorganizar ativos, otimizar impostos e garantir conformidade regulatória, permitindo que o indivíduo ou a família se concentre no que realmente importa: construir uma nova história nos Estados Unidos com tranquilidade e segurança.

Em resumo…

O sucesso de uma mudança internacional não depende apenas de vistos ou oportunidades — mas de uma estrutura sólida de planejamento tributário e migratório, desenhada de forma personalizada.


Cada detalhe, desde a origem dos rendimentos até a forma de repatriar valores, influencia diretamente o patrimônio, o estilo de vida e o futuro financeiro nos Estados Unidos.

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